Carlos Evando dos Santos
22 Abr 2014
As grandes navegações
Os
países europeus, durante os Séculos XV e XVI, destacadamente Espanha e
Portugal, lançaram-se nos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico com dois
objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima para as Índias e
encontrar novas terras. O período ficou conhecido para a posteridade como a Era
das Grandes Navegações.
Nessa
época, as especiarias orientais eram monopolizadas pelos comerciantes de Veneza
e de Gênova, que cobravam por elas preços exorbitantes. O único canal de
comunicação e de transporte para as Índias era pelo Mar Mediterrâneo, dominado
integralmente pelos mouros e pelos italianos.
Espanha
e Portugal lançaram-se, então, numa grande aventura de encontrar novas rotas
para as Índias, a fim de permitir o acesso direto às suas especiarias e ao
lucrativo comércio delas advindo. As especiarias orientais, como canela,
gengibre, cravo, pimenta e açafrão, eram produtos difíceis de obter na Europa
e, na época, desempenhavam importante papel no tempero e na conservação de
alimentos.
As
Grandes Navegações foram impulsionadas também pela necessidade dos europeus de
conquistar novas terras, a fim de obter matérias-primas, metais preciosos e
produtos não encontrados na Europa. Aliado a isso, a Igreja Católica desejava
encontrar novos fieis, a fim de expandir sua religião.
Em
1492, Cristóvão Colombo, sob a bandeira da Espanha, aportou na América, fato
que ampliou em muito as expectativas dos exploradores europeus.
Espanha
e Portugal, por terem as mesmas ambições e a fim de evitar conflitos pela posse
de novos territórios, assinaram, em 1494, o Tratado de Tordesilhas, por meio do
qual foi traçada uma linha imaginária no sentido norte-sul passando 370 léguas
a oeste das Ilhas de Cabo Verde. As terras a leste da Linha de Tordesilhas
seriam de Portugal, enquanto que as terras a oeste pertenceriam à Espanha.
O
Reino de Portugal assumiu posição de destaque nas Grandes Navegações dos
Séculos XV e XVI, devido a uma série de fatores, entre os quais se destacam:
experiência adquirida pelos navegadores portugueses com a pesca de bacalhau; as
caravelas lusitanas tinham qualidade superior às de outros países; grande
quantidade de investimentos de capital patrocinados pela burguesia e pela nobreza
lusitanas, muito interessadas nos lucros futuros; e a existência da Escola de
Sagres, centro de estudos náuticos de referência mundial.
Em
1498, Vasco da Gama, a mando de Dom Manuel I, navegou ao redor da África e
chegou à Calicute, na Índia. O grande objetivo havia sido atingido: uma rota
alternativa ao Mar Mediterrâneo para chegar ao Oriente. Ao retornar à Península
Ibérica, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros
fabulosos a Portugal.
A expedição de Pedro Álvares Cabral
A fim de selar o sucesso da viagem de Vasco da Gama, o monarca português Dom Manuel I se apressou em
mandar aparelhar uma nova expedição para as Índias, desta feita, a maior frota
até então constituída. Eram 13 embarcações, sendo 10 naus e 3 caravelas, além
de 1 naveta de mantimentos, e mais de 1.500 homens.
O comando da expedição foi confiado ao Capitão-Mor Pedro
Álvares Cabral, de 33 anos de idade. A bordo, estavam presentes
alguns dos mais experientes navegadores portugueses, como Bartolomeu Dias,
o mesmo que havia dobrado o Cabo da Boa Esperança e atingido, pela primeira
vez, o Oceano Índico.
A partida foi programada para o dia 8 de março de 1500. Mas,
devido ao mau tempo, só veio a acontecer no dia seguinte, 9. Rumando para o
Ocidente, a frota chegou às Ilhas Canárias no dia 13, dirigindo-se para o
Arquipélago de Cabo Verde, onde uma nau desapareceu no mar, não sendo mais
encontrada. No dia 9 de abril de 1500, Cabral cruzou a Linha do Equador.
No entardecer do dia 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral
ancorou em frente a um monte, batizado por ele de Monte Pascoal, no magnífico
cenário do litoral sul do atual Estado de Bahia. Era o “Achamento do Brasil”.
Antes de continuar a viagem para as Índias, os portugueses
permaneceram na nova terra até o dia 2 de maio de 1500, tomando posse dela,
"em nome de Dom Manuel I e de Jesus Cristo".
A Esquadra de Cabral não encontrou a “terra brasilis”
deserta. Cerca de 5 milhões de índios espalhavam-se por ela, particularmente ao
longo do litoral. No dia 23 de abril de 1500, Nicolau Coelho, um navegador
experiente, desceu à terra e travou o primeiro contato com os índios.
"Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas
vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas". O contato foi breve e amigável,
tendo ocorrido, inclusive, troca de presentes. Os índios eram os tupiniquins.
Entre os dias 24 e 25, um número maior de portugueses foi à terra e os contatos
com os índios tornaram-se mais frequentes. Na impossibilidade de comunicação
linguística, as tentativas de entendimento basearam-se na troca de produtos
entre índios e portugueses.
A chegada ao Brasil, o desembarque e a estadia dos
portugueses na terra foram documentados por vários integrantes da expedição,
que escreveram cartas ao rei relatando os fatos. A "Carta de Achamento do
Brasil", de Pero Vaz de Caminha, escrivão da Armada, é o documento
sobre o descobrimento mais rico em detalhes.
No dia 26, por ordem de Pedro Álvares Cabral, o frade
franciscano, Henrique Soares de Coimbra, celebrou a Primeira Missa em solo
brasileiro, assistida pela tripulação e, à distância, por cerca de 200 índios.
No dia 1º de maio de 1500, transcorreu a cerimônia de posse
oficial da terra. Uma grande cruz de madeira, com as armas reais de Dom Manuel
I, foi erguida na baía Cabrália e Frei Henrique de Coimbra celebrou a Segunda
Missa.
No dia seguinte, 2 de maio de 1500, pela manhã, a Esquadra de
Pedro Álvares Cabral partiu, deixando em terra dois degredados, que haviam sido
condenados à morte mas que tiveram suas penas comutadas pelo exílio nas terras
descobertas.
Cabral seguiu rumo às Índias. A nau de mantimentos, sob o
comando de Gaspar de Lemos, separou-se da esquadra, com o objetivo de retornar
a Lisboa e comunicar ao rei o “Achamento da Ilha de Vera Cruz”.
Em 23 de maio de 1500, a armada chegou ao Cabo da Boa
Esperança, onde foi atingida por uma tempestade que fez 3 embarcações
naufragarem. Numa delas, estava Bartolomeu Dias, que acabou sendo sepultado no
local que o fez passar à História.
Em setembro de 1500, os portugueses atingiram Calicute. Ali,
enfrentaram a hostilidade dos comerciantes muçulmanos que resultou em ataque à
feitoria estabelecida pelos portugueses, em dezembro de 1500. No referido
ataque, morreu o escrivão Pero Vaz de Caminha.
Apesar dos reveses, a viagem de Pedro Álvares Cabral,
encerrada em julho de 1501 com a chegada do Comandante a Lisboa, foi coroada de
êxito comercial e deu início ao comércio regular entre Portugal e Índia.
Polêmica
A chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil teria sido
casual? Alguns argumentos podem confirmar a Teoria da Intencionalidade: 1) Dom
Manuel I já havia sido informado da chegada de Cristóvão Colombo ao Caribe e da
viagem de Vasco da Gama, que observara vários indícios de terra firme ao passar
ao largo da costa americana a caminho das Índias; 2) as instruções
confidenciais transmitidas por Dom Manuel I ao Capitão-Mor da Esquadra jamais
foram reveladas; 3) a permanência da frota de Cabral na terra descoberta por
mais de uma semana não pode ser justificada se o único objetivo da expedição
fosse chegar rapidamente às Índias; e 4) o grande interesse português em
conquistar a simpatia dos índios, tendo, inclusive, deixado dois degredados,
com o objetivo de aprender a língua dos primitivos e recolher informações sobre
o seu modo de vida.
Referências:
http://www.historiadobrasil.net/descobrimento/
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/descobrimento-do-brasil.htm
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/descobrimento-do-brasil.htm
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