O livro Caxias, de Affonso de Carvalho, editado pela Biblioteca do Exército (Bibliex), é uma das mais completas biografias do líder militar, marechal de campo, senador, comandante das tropas aliadas na Guerra da Tríplice Aliança e único duque do Império do Brasil.
Carlos Evando dos Santos
16 Jul 2013
Trata-se
de uma “biografia completa e sentimental que supera a conjuração do mito e
da distorção” da figura
ilustre do Marechal-de-Campo Luiz Alves de Lima e Silva. “Por ser
extremamente exato em sua grave simplicidade”, é a obra de maior merecimento de Affonso de Carvalho. É
uma das biografias mais completas do Patrono do Exército Brasileiro. Tem como
tema central a vida do Duque de Caxias.
Divide-se
em quatro grandes partes: Batismo de glória e de fogo; Luta contra a
rebelião; Luta contra a tirania; e Velhice e morte de Caxias. A biografia
contida na obra é a própria História do Brasil-Império. Relata-nos a saga do
comandante invicto em conflitos internos e externos, do exemplar chefe
político, do soldado modelo, tão simples quanto grandioso, de um dos maiores
responsáveis pela integridade de nosso território e um dos principais sustentáculos
do Reinado de D. Pedro II.
Caxias
nasceu ainda no Brasil-Colônia. Mas quando assentou praça como cadete, o país começava a nascer como Império. Em 1822, na Independência, Caxias era
tenente. Quando o Batalhão do Imperador foi configurado em 1823, foi nomeado seu
Ajudante. Em cerimônia presidida por D. Pedro I, entrou para a
História Militar como o primeiro Porta-Bandeira do Brasil.
No
dia 3 de maio de 1823, Caxias teve seu batismo de fogo nas lutas travadas na
Bahia no contexto da Guerra de Independência (1822-1823). Nos anos seguintes, participou
da Guerra de Independência da Cisplatina (1825-1828).
No
evento histórico que envolveu o 7 de abril de 1831 e abdicação de D. Pedro I,
que para muitos foi a verdadeira Independência do Brasil, Caxias já era Major.
Mesmo entendendo que a abdicação era a única saída para o Brasil naquele
momento, demonstrou lealdade ao Imperador Pedro I. Foi duramente criticado.
Seguiu-se
o Período Regencial (1831-1840). Caxias participou da pacificação de
importantes revoltas internas: Balaiada (1838-1841), Revolta Liberal de São
Paulo e Minas Gerais (1842) e, da mais duradoura delas, a sangrenta Revolta
Farroupilha (1835-1845).
Em 1847,
Caxias foi nomeado, pela primeira vez, Senador do Império.
No
campo militar, seguiram-se as lutas da Guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852),
resultado da longa disputa entre Argentina, Uruguai e Brasil por influência e
hegemonia na estratégica região do Rio da Prata.
Em
1855, exerceu a nobre função de Ministro da Guerra. Em sua gestão,
destacaram-se os seguintes feitos: Decreto de Promoções; criação de uma
"tática nacional"; regularização da instrução de equitação; criação
da Repartição do Ajudante-General, embrião do atual Estado-Maior do Exército
(EME); edição de um novo Código Penal Militar e do Regulamento Correcional das
Transgressões Disciplinares, embrião do atual Regulamento Disciplinar do Exército (RDE).
Em 1861,
foi nomeado por D. Pedro II, pela primeira vez, Presidente do Conselho de
Ministros, o que representava na nossa monarquia constitucional, o cargo de
Primeiro-Ministro e Chefe do Gabinete Ministerial.
Para
a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), no Paraguai, Caxias não foi nomeado,
a princípio, Comandante das Forças Brasileiras por motivação política, o que
Affonso de Carvalho definiu como uma das maiores “comédias brasileiras”. Essa decisão
foi influenciada pela permanente disputa entre liberais e conservadores, os
dois partidos que dominavam a cena política do Império do Brasil.
Após
o desastre de Curupaiti, Caxias foi, então, nomeado Comandante das Forças
Brasileiras em 1866, as quais haviam marchado na direção do inimigo apenas quatorze
quilômetros em um ano de conflito.
Em
1867, ao assumir o Comando das Forças Aliadas, Caxias reorganizou as tropas e
deu início a uma série de vitórias (Tuiu-Cuê, Itororó e Lomas Valentinas) que
viriam a culminar com a entrada em Assunção e a derrocada total de Solano
López.
O
velho comandante, já cansado das frentes de combate, pois contava com mais de
65 anos, sentiu o peso da idade e das inúmeras batalhas que comandou
pessoalmente. Era hora de retornar. Em mensagem ao Imperador D. Pedro II,
Caxias avisou que a guerra havia terminado. O Imperador não aceitou. Queria a
“cabeça” de Solano López. Caxias regressou mesmo assim. Para o seu lugar, o
Império do Brasil enviou o francês Conde D’Eu, esposo da Princesa Isabel.
Um
triste episódio causaria profunda tristeza em Caxias. Quando o navio São José
abarcou no Porto do Rio de Janeiro, nenhum brasileiro aguardava o velho general,
a não ser sua amada esposa. Ingratidão da Pátria, a quem tudo deu e nada pediu.
Em
seguida, recebeu o título de Duque, único concedido pelo Império do Brasil em
toda a sua existência de 67 anos. Mas também vieram acusações do Senado de que
havia transportado mais do que poderia no retorno da Campanha no Paraguai. Caxias
recolheu-se à Fazenda Santa Mônica, no interior fluminense.
Em 1874, Caxias
sofreu um “golpe de morte”. Morreu a Duquesa. A morte de sua amada foi levando
aos poucos o coração do velho marechal.
Um
novo chamado da Pátria viria logo em seguida. Em 1875, Pedro II necessitava
viajar ao estrangeiro. O Imperador buscava alguém de confiança para tocar o
Brasil durante sua ausência. Foi o último chamado e o último sacrifício do
velho Duque. Pela terceira vez, exerceria as funções de Ministro da Guerra e
Presidente do Conselho de Ministros.
Nessa
oportunidade, introduziu as armas de retrocarga, adquiriu material Krupp para a
Artilharia, mandou construir os Fortes de Tabatinga, Corumbá e Uruguaiana,
ampliou a Escola Militar e criou o Regulamento para a Disciplina e Serviços
Internos dos Corpos Arregimentados dos Quartéis Fixos, embrião do atual
Regulamento Interno e dos Serviços Gerais (RISG).
Em 1878,
quando do regresso de Pedro II, veio o golpe fatal. O Imperador só aceitou sua
saída com a substituição de todo o ministério por um outro do partido
adversário. Era o início do fim.
No
dia 7 de maio de 1880, deixou-nos o velho marechal, o Duque de Caxias. Seis soldados,
dentre os de melhor comportamento, carregaram o corpo do maior cabo-de-guerra
das Américas, o maior de todos os soldados brasileiros.
Foi-se o velho marechal que nos deixou um elevado
legado de valores, virtudes, atributos e qualidades imorredouras: simplicidade
na grandeza, soldado modelo, ilibado chefe político, bondade infinita,
disciplina incondicional, lealdade irrestrita, inteira dedicação à Pátria,
iniciativa, comando, inteligência, bravura, coragem e triunfo.
O Patrono do Exército é o próprio espírito de justiça, disciplina, lealdade e severidade.
O exemplo de sua vida é um revigorado incentivo às atuais gerações de militares.
Referência:
Carvalho, Affonso de. Caxias. 3 ed. Rio de Janeiro: Bibliex, 1991.
O Patrono do Exército é o próprio espírito de justiça, disciplina, lealdade e severidade.
O exemplo de sua vida é um revigorado incentivo às atuais gerações de militares.
Referência:
Carvalho, Affonso de. Caxias. 3 ed. Rio de Janeiro: Bibliex, 1991.
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