sábado, 9 de janeiro de 2016

O Monge e o Executivo

Uma história sobre a essência da liderança

James C. Hunter

Sinopse elaborada por Carlos Evando dos Santos
16 Jul 2013

O Monge e o Executivo, de James C. Hunter, relata a história de John Dailey no final dos anos 1990. John Dailey era gerente geral de uma fábrica com mais de US$ 100 milhões de vendas anuais. Era o mais jovem gerente geral da companhia até então. Casado com Rachel há mais de dezoito anos, dividia com ela a angústia de não ter filos por questão de infertilidade. O casal, então, adotou um menino a quem foi dado o nome de John Jr. Mas, inesperadamente, Rachel ficou grávida e deu à luz a uma menina, a quem foi dado o nome de Sara. Tudo parecia muito bem na vida de John: apartamento, casa, dois carros na garagem, duas férias por ano e uma poupança invejável. Entretanto, as coisas não são exatamente como parecem ser. Insatisfação da mulher, problemas com os filhos, problemas no trabalho e problemas no time de beisebol que treinava levaram John a um clima pessoal de tumulto e conflito. Numa conversa com o pastor da sua igreja (por opinião de Rachel), foi sugerido a John que ele participasse de um retiro em um mosteiro à beira do lago Michigan, onde estava o frade Leonard Hoffmann, um ex-executivo de uma das maiores empresas dos Estados Unidos.
A narrativa de O Monge e o Executivo envolve os seguintes personagens: Leonard Hoffmann (instrutor, o monge); John Dailey (quem narra a história, o executivo), Lee (pastor com quem John divide o quarto); Greg (sargento do Exército, vaidoso e arrogante); Teresa (diretora de uma escola pública); Chris (treinadora de um time de basquete); e Kim (enfermeira-chefe de um hospital).
Das primeiras discussões, restou uma grande pergunta/dúvida: quem é líder? Por que ser líder? As respostas: os pais (pai e mãe), professores (as), treinadores (as), esposos (as) e quaisquer outras pessoas que assim o desejarem. A escolha pela liderança é voluntária. Ninguém é obrigado a ser líder. É uma escolha! Devemos refletir sobre o impacto que causamos na vida das pessoas. Precisamos de líderes! Precisamos ser líderes!
Alguns dos maiores líderes da História são mencionados: Jesus Cristo (Ele ensinou que para liderar é preciso servir; Ele é capaz de influenciar pessoas até os dias atuais; o seu nascimento é o marco divisório da contagem do tempo; o seu nascimento e morte na cruz são referências mundiais; Ele nunca usou o poder, nunca coagiu ninguém a segui-lo; Ele arrastou multidões por causa do seu sacrifício, da sua servidão, do seu amor ao próximo); Gandhi (foi um dos idealizadores e fundadores do moderno Estado Indiano e influente defensor do Satyagraha, o princípio da não-agressão, a forma não-violenta de protesto como um meio de revolução; lutou pela independência da Índia do domínio inglês sem jamais recorrer à violencia; pregou o sacrifício em prol da causa da liberdade; foi reconhecido mundialmente por seus ideais, até mesmo pela Inglaterra); Martin Luther King (foi um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis para negros e mulheres nos Estados Unidos e no mundo, por meio de uma campanha de não-violência e de amor ao próximo; por sua luta sem violência, foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz – 1964); e Madre Teresa de Calcutá (foi uma missionária católica albanesa, nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana, beatificada pela Igreja Católica em 2003; considerada a missionária do Século XX, fundou a congregação Missionárias da Caridade, tornando-se conhecida ainda em vida pelo cognome de Santa das Sarjetas; o reconhecimento pelo seu trabalho veio em 1973 com o Templeton Prize  e em 1979 com o Prêmio Nobel da Paz).
No prosseguimento, buscou-se definições para a liderança. Chegou-se a algumas conclusões. Liderar é exercer influência sobre os outros. Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum. Liderança é uma habilidade, é uma capacidade adquirida. Para adquirir, basta praticar ações adequadas. Para liderar é preciso doação pessoal (é o grande esforço necessário).
Discutiu-se, a posteriori, a questão do poder e da autoridade. Sobre o poder: é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer. O poder pode ser vendido e comprado, dado e tomado. O poder corrói os relacionamentos. Há vezes em que se deve exercer o poder, há ocasiões em que precisamos de poder, normalmente quando a nossa autoridade for quebrada. Sobre a autoridade: é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal. A autoridade não pode ser comprada nem vendida, nem dada ou tomada. A autoridade diz respeito a quem você é como pessoa, a seu caráter e à influência que estabelece sobre as pessoas.
Para definir o caráter, citou-se qualidades que devem conformá-lo: honestidade; confiabilidade; dar bom exemplo; ser cuidadoso; ter compromisso; ser bom ouvinte; ser capaz de conquistar a confiança das pessoas; tratar as pessoas com respeito; encorajar as pessoas; ter atitude positiva e entusiástica; gostar das pessoas. No final dessa discussão, perguntou-se: quais são aquelas com que nós nascemos? Nenhuma delas?!
A respeito das tarefas e dos relacionamentos, foi debatida a questão da importância dos relacionamentos durante a execução de tarefas. A chave da liderança é essa: enquanto se executam as tarefas, se constroem os relacionamentos. Tudo na vida gira em torno dos relacionamentos! Um bom líder tem que ser capaz de construir relacionamentos saudáveis. Qual o ingrediente mais importante em um relacionamento bem sucedido? Certamente, a confiança! A confiança é a cola que gruda os relacionamentos. É preciso lembrar que a confiança pode ser construída ao longo de muitos anos, mas pode ser perdida em um instante por uma simples indiscrição.
Sobre as necessidades e as vontades, os personagens discutem a diferença entre satisfazer necessidades e satisfazer vontades. As pessoas têm necessidade de receber estímulo para se tornarem melhor. A necessidade é uma legítima exigência física ou psicológica para o bem-estar do ser humano. A vontade é o anseio que não considera consequências físicas/psíquicas daquilo que se deseja. Pessoas diferentes têm necessidades diferentes e, por isso, o líder precisa ser flexível. As necessidades humanas seguem uma escala hierárquica: 1) auto-realização; 2) auto-estima; 3) pertencimento e amor; 4) segurança e proteção; e 5) comida, água e moradia. O líder deve incentivar e dar condições para que as pessoas se tornem melhores. Auto-realizar-se é tornar-se o melhor que você pode ser ou é capaz de ser.
A respeito dos paradigmas. Paradigmas são padrões ou modelos psicológicos que usamos para navegar na vida. Agarrar-se a paradigmas ultrapassados pode nos deixar paralisados. O mundo exterior entra em nossa consciência através dos filtros de nossos paradigmas. As pessoas têm muita dificuldade em mudar! A mudança desinstala, tira da zona de conforto e força a fazer coisas de modo diferente. Quando ideias são desafiadas, força-se a repensar posições. Fazer coisas diferentes e repensar posições é sempre desconfortável. Eis a hierarquia do velho estilo piramidal de administração: 1) presidente; 2) vice-presidentes; 3) Gerentes intermediários; 4) Supervisores; e 5) empregados (associados). E eis a nova hierarquia em grau de importância de acordo com o novo estilo piramidal de administração: 1) empregados (associados); 2) supervisores; 3) gerentes intermediários; 4) vice-presidentes; e 5) presidente. Servir ao cliente é o foco principal. O líder identifica e satisfaz as necessidades legítimas dos seus liderados, removendo todas as barreiras para que possam servir ao cliente.
Sobre o amor agapé, essencial à liderança: mostrar autocontrole em face da adversidade; dar atenção, apreciação, incentivo; ser autêntico, sem pretensão, orgulho ou arrogância; tratar os outros como pessoas importantes; satisfazer as necessidades dos outros; desistir de ressentimento quando prejudicado; ser livre de engano; e ater-se às suas escolhas.
Em resumo, o modelo que o líder deverá priorizar tem que contemplar: liderança, autoridade, serviço, sacrifício, amor e vontade.
Os principais ensinamentos da obra literária, entre outros, são:
Quando John Dailey conheceu Len Hoffmann, este estava consertando o vaso sanitário dele (John), ou seja, estava servindo. O líder tem que servir!
Durante a apresentação dos participantes do retiro, John Dailey não ouviu o que Kim falou porque estava ocupado demais pensando no que ia falar sobre ele mesmo. Len Hoffmann então pediu para John resumir o que Kim havia dito (o monge havia percebido que John não estava prestando atenção). O fato levou John a um pedido de desculpas. É preciso saber ouvir ativamente! “Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver”.
Qual a diferença entre gerenciar e liderar? Gerenciar é para coisas, liderar é para pessoas!
É preciso criar um ambiente seguro no qual as pessoas possam cometer erros sem terem medo de ser advertidas de forma grosseira.
Deve-se apontar as deficiências sem ferir a dignidade dos outros.
Elogie sendo sincero e específico, pois o elogio é uma legítima necessidade humana, essencial nos relacionamentos saudáveis.
Esteja atento ao perdão, pois os ressentimentos destroem a personalidade humana!
Deposite pontos positivos na sua conta de líder sendo confiável, honesto, dando às pessoas consideração e reconhecimento, mantendo sua palavra, sendo bom ouvinte, não falando dos outros pelas costas, usando cortesias como olá, por favor, obrigado, desculpe etc.
“Não há grupos/pelotões fracos, mas sim líderes fracos”.

Por fim: procure ser líder do grupo que comanda ou chefia; ouça e dê exemplo de “como ser” e “como fazer”; seja autêntico; conduza o seu grupo para o sucesso.


Referência:

Hunter, James C. O monge e o executivo. Uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.


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